Data de publicação: 10/02/2014
Calor no ambiente de Trabalho
Brusque e região têm vivido um calor histórico nas últimas semanas. E, com os termômetros...
Brusque e região têm vivido um calor histórico nas últimas semanas. E, com os termômetros lá em cima, não faltam todos os dias, denúncias e questionamentos na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Brusque e Guabiruba (Sintrivest). As reclamações quase sempre relatam um ambiente de trabalho sem ventilação ou uma água que chega em temperatura inadequada para o consumo.
Para entender mais sobre as responsabilidades das empresas e o direito dos trabalhadores, o Sintrivest conversou com a engenheira em Segurança no Trabalho e professora da Unifebe, Kênia Melissa Rovaris.
“A NR15 prevê essa situação e recomenda rotatividade para funções em exposição ao calor. Caso a atividade não se encaixe no enquadramento legal, a empresa também pode fazer paradas de 10 ou 15 minutos a cada duas horas. Pode oferecer um refresco, um sorvete ou uma fruta. Tudo isso para ajudar e garantir um pouco mais de conforto ao trabalhador. Outra opção é a distribuição de isotônicos, soros ou uma água, pelo menos, em condições de beber. O único cuidado com o gelado é para não haver choque térmico em uma função na qual o trabalhador está exposto ao calor gerado por equipamentos”, explica Kênia.
Segundo a engenheira, existem ISOs que garantem a saúde, segurança e responsabilidade social. Quem já tem essas certificações implantadas sabe como agir diante de cenários como o atual. Já as empresas que não tem, podem pesquisar e também aplicar. “Com alta temperatura, esforço físico repetitivo ou intenso, ou mesmo nas funções mais leves em ambiente sem ventilação ou climatização, o corpo reage negativamente. Há desidratação, fadiga, estresse. Tudo isso pode ser gerado pelo calor. Esses fatores também podem diminuir a concentração e atenção do trabalhador, ocasionando acidentes de trabalho”, lembra Kênia.
<b>Grupos de risco</b>
De acordo com a engenheira, mulheres grávidas precisam de atenção especial nesses dias quentes e descanso de alguns minutos a cada hora trabalhada. É preciso estar atento também aos hipertensos, pessoas com problemas de circulação ou profissionais que necessitam do uso de EPIs. Para cargos de desgaste moderado ou leve a indicação é a rotatividade, ou seja, um profissional permanece duas horas na mesma função e, então, é substituído por outro.
“As empresas acham que isso vai afetar a produtividade do dia. A gente entende que existem metas para ser cumpridas, entendemos que tem entrega para ser feita e cliente esperando. Mas se a gente não cuidar da saúde do trabalhador, essas metas não serão cumpridas. Porque quem faz a empresa são as pessoas. A produção é gerada por pessoas. São eles que batem as metas e entregam os produtos com qualidade”, acrescenta.
Segundo Kênia, no sul de Santa Catarina, algumas empresas estão eliminando temporariamente seu segundo turno e remanejando os trabalhadores para o primeiro ou segundo turno, quando as temperaturas estão mais baixas.
“Existem direitos e deveres. Existem legislações específicas. Mas, independente de tudo isso, está o bom senso dos gestores das empresas”, conclui Kênia.
Denúncias, críticas ou sugestões podem ser feitas no ambiente do trabalho, caso exista um técnico de segurança, médico ou superior imediato. Caso não se resolva, o Sintrivest se coloca à disposição para orientação.