Data de publicação: 03/10/2013
Setor vestuarista: Reajuste salarial ainda não foi definido
Na tentativa de definir o reajuste salarial da categoria, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário...
Na tentativa de definir o reajuste salarial da categoria, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário (Sintrivest), propôs um encontro com o Sindicato Patronal na sede do Ministério do Trabalho, em Florianópolis, que ocorreu na manhã de ontem, 1<sup>0 </sup>de outubro. Na oportunidade, o Sindicato Patronal não foi representado pela sua presidente, Rita Cassia Conti, ou, tampouco, qualquer diretor. Apenas a assessora jurídica da entidade e uma advogada da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) participaram do encontro.
“Na última proposta do Sindicato Patronal, enviada por escrito, havia o reajuste real de 1%, mais o INPC e pisos de R$ 795 inicial e R$ 895 após o período da experiência. Como isso não foi aceito, eles argumentaram que estavam esperando uma contraproposta. Nossa contraproposta estava definida desde o início, no rol de reivindicações que foi entregue ao Sindicato Patronal ainda no mês de agosto. Para avançar na negociação, então, propomos um reajuste real pouco superior a 2% mais o INPC e piso inicial de R$ 850, passando para R$ 1 mil após a experiência”, explica a presidente do Sintrivest, Marli Leandro.
Segundo ela, a assessora jurídica se comprometeu em encaminhar a proposta aos diretores do Sindicato Patronal e um novo encontro foi definido para a próxima quarta-feira, 9 de outubro às 10h, no Ministério do Trabalho, em Florianópolis.
“A representante do Sindicato Patronal já adiantou que eles não têm interesse em prosseguir com dissídio coletivo e que querem finalizar essa negociação entre as partes. Então vamos aguardar o retorno, na certeza de que o setor tem plenas condições de melhorar a proposta e oferecer reajustes e pisos mais justos e condizentes com a realidade do setor em Brusque e na região”, completou Marli.
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<b>Entenda o caso</b>
Tradicionalmente, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Brusque e Guabiruba (Sintrivest), mantém sua data base de negociação salarial em 1<sup>o </sup>de setembro. Por essa razão, em julho de 2013, esteve reunido com a categoria em assembleia, na qual foram definidas as reivindicações para implementar a Convenção Coletiva.
Em agosto esse documento foi encaminhado ao Sindicato Patronal e, no dia 26 daquele mesmo mês, foi realizada a primeira rodada de negociações. O que foi proposto aos trabalhadores foi apenas o reajuste do INPC, sem nenhum aumento real. “O Sintrivest entende que o INPC é apenas a reposição salarial, ou seja, aquilo que o trabalhador perde durante o ano por conta da inflação gerada no período. INPC não se negocia. INPC se repõe”, ressalta Marli.
Com a negativa do Sintrivest, uma nova rodada de negociação ocorreu em 10 de setembro. No início da reunião havia a proposta de 0,5% de aumento real que, no decorrer do encontro, se transformou em 1%, com piso inicial de R$ 776 e R$ 889 após a experiência. Novamente o Sintrivest recusou.
No dia 18 de setembro, o Sindicato Patronal enviou ao Sintrivest uma proposta por escrito qual seja INPC + 1%, o que apresenta um percentual de 7,06%, piso inicial de R$ 795 e R$ 895 após experiência e reivindicando também a retirada de uma cláusula já garantida na Convenção Coletiva, que é o aviso prévio de cinco dias. Como a proposta estava muito aquém do esperado, novamente o sindicato não aceitou e não convocou assembleia para discutir a proposta.
Hoje, em Brusque, o Sintrivest é o único sindicato que mantém piso na casa dos R$ 700. O Sindicato Têxtil, por exemplo, tem piso de R$ 955, o de Mestres e Contramestres R$ 970, Metalúrgicos R$ 980, Comércio (em negociação) R$ 900, Bares e Restaurantes (em negociação) R$ 900, Construção Civil de R$ 860 a R$ 1300, Transporte de R$ 970 a R$ 1270 e Servidores Públicos R$ 970 + R$ 100 de abono. “E o setor do vestuário, talvez o que mais cresceu esse ano, oferece piso inicial de R$ 795 e R$ 895 após a experiência. O que justifica isso? Como que pessoa, mesmo que tenha responsabilidade só com ela mesma, consegue pagar aluguel e sobreviver com um salário de R$ 795?", questiona Marli.
É importante ressaltar que não é o Sintrivest que diz que o setor do vestuário cresceu. Esses são dados divulgados pela Federação da Indústria de Santa Catarina (Fiesc) e IBGE. O mês de julho desse ano, comparado com 2012, cresceu mais de 21% e só o acumulado de janeiro até julho somou mais de 12% em produção e faturamento. Em Brusque falta mão-de-obra, o setor está aquecido e a mais recente Rodada de Negócios da Ampe, atingiu recorde de vendas.
“O Sintrivest continua aberto à negociação. O que se espera é chegar a um consenso que seja real e justo e que essa proposta possa melhorar em prol dos trabalhadores e trabalhadoras, verdadeiros responsáveis pelas riquezas geradas nessas empresas”, conclui Marli.