Data de publicação: 09/09/2014
Sintrivest e Sindivest se reúnem para segunda rodada de negociações
O presidente do Sintrivest, José Gilson Cardoso, e parte da diretoria receberam na manhã de sexta-feira, 5...
O presidente do Sintrivest, José Gilson Cardoso, e parte da diretoria receberam na manhã de sexta-feira, 5 de setembro, a presidente do Sindivest, Rita Cássia Conti, e membros da assessoria jurídica da classe patronal, para a segunda rodada de negociações da convenção coletiva dos trabalhadores. O encontro foi acompanhado pelo economista do Dieese, subseção da Fetiesc, Mairon Edegar Brandes.
“Nosso primeiro encontro realizado na semana passada não foi muito produtivo, mas nessa manhã tivemos um certo progresso nas negociações. Evoluímos nas questões econômicas, pois eles ofereceram as perdas salariais, ou seja, o INPC acumulado do ano passado até agora, que é de 6,35%, e mais 0,5% de ganho real. Não é o que o Sindicato dos Trabalhadores e sua diretoria neste momento querem. Nossa proposta é muito maior, de um aumento real e um piso salarial maiores, até porque eles estão oferecendo que este 0,5% seja linear, e a gente entende que a classe patronal tem condições de oferecer muito mais”, analisa Gilson.
Quanto às clausulas sociais, estabelecidas em assembleia com os trabalhadores, o presidente destaca que não houve avanço. “Eles disseram que não têm condições de avançar nessa questão e ofereceram a renovação da convenção coletiva, mas isso voltaremos a discutir”, comenta.
Após quase duas horas de negociação, a avaliação é positiva e uma nova reunião foi marcada para quinta-feira, 11 de setembro, na sede do Sindivest. “Fico satisfeito porque estamos crescendo. No primeiro encontro não tínhamos nada, neste segundo já saímos com a garantia do INPC mais 0,5%, uma evolução na negociação. Há um clima amistoso, percebemos que há respeito dos dois lados, dos trabalhadores e do sindicato patronal. Isso nos faz acreditar que na próxima semana as negociações evoluam ainda mais. Será nossa terceira rodada de negociações e nos faz acreditar num número maior que 0,5%. Então trabalhadores e trabalhadoras continuem prestigiando as atividades do sindicato, fiquem atentos a essa negociação, que acontece uma vez por ano e é um momento importante, único, onde a gente discute questões econômicas e sociais. Estamos construindo um salário melhor para todos”, ressalta Gilson.
A presidente do Sindivest, Rita Cássia Conti, também avalia o encontro de forma positiva. “A reunião foi muito importante, óbvio que dentro de um processo de negociação, cada parte tenta ter os melhores índices e vamos continuar a conversa. Nossa previsão são mais duas ou três reuniões para chegarmos num comum acordo. O importante é o diálogo, gosto muito disso, a gente tem que entender que é um setor grande na economia de Brusque, e que temos que trabalhar de forma pró-otimista, para termos um crescimento como um todo”, completa.
<strong>Economista analisa negociações</strong>
Segundo o economista do Dieese, Mairon Edegar Brandes, as negociações das classes dos trabalhadores têxteis e do vestuário têm surpreendido este ano em Santa Catarina. “Embora os indicadores da indústria de transformação, especificamente do setor têxtil e do vestuário, não sejam muito bons, ou seja, houve uma retração se compararmos com os índices do ano passado em termos de produção, número de pessoal ocupado e faturamento, percebemos que o mercado de trabalho está muito aquecido. Tanto que as negociações que têm sido realizadas nesse primeiro semestre mostram que os trabalhadores têm tido ganhos maiores em 2014. Então a gente avalia isso como essa dinâmica do próprio mercado de trabalho, a dificuldade de se encontrar mão de obra no Estado todo e também a realidade aqui de Brusque. Em Santa Catarina temos uma média de reajuste nos salários nos segmentos têxtil e do vestuário de 1,44% no ganho real, ou seja, aumento acima da inflação. E nos pisos salariais esse aumento real chega a 3%. Esses patamares de reajuste são maiores que os de 2013. Em Brusque, especificamente, tivemos duas negociações no primeiro semestre que foi a categoria dos mestres e fiação têxtil, com aumento real no salário de 1,12% e no piso salarial na faixa de 1,4%, passando o valor de R$ 1.000. Os mestres ficaram com um piso salarial de R$ 1.040 e os têxteis R$ 1.025”, enfatiza.
Com relação às rodadas de negociação entre classe patronal e trabalhadora, o economista avalia que o momento é sempre muito difícil, já que há interesses contraditórios das partes. “Mas nesse ano as negociações têm sido boas e temos acompanhado diálogos muito positivos. Isso se dá muito em função justamente da realidade do mercado de trabalho. As empresas percebem que não há como arrochar salários num ambiente de desemprego baixo como temos hoje no Brasil e principalmente em Santa Catarina. A indústria percebe que se não remunerar melhor o seu trabalhador, ele vai sair e trabalhar no comércio, no setor de serviços, enfim, procurar outro posto de trabalho”, comenta.
O economista revela que apesar de termos tido um início de ano fraco, a perspectiva no segundo semestre, com a definição das eleições, é de retomada da atividade industrial e da economia de um modo geral. “Existe uma preocupação por parte da classe empresarial em reter esses trabalhadores nas empresas, para continuidade aos projetos”.
Quanto às cláusulas sociais o economista enfatiza que são muito importantes, embora as empresas tenham uma maior resistência em negociar. “Nas cláusulas econômicas, no primeiro semestre na base da Fetiesc, 100% das negociações tiveram ganho real aos trabalhadores no salário e no piso. Já mudanças nas cláusulas sociais são mais difíceis. Existem sindicatos que conseguem avançar em algumas, mas são poucas e bem pontuais. A gente percebe uma resistência maior para discutir essas questões, mas com diálogo é possível estabelecer melhorias aos trabalhadores”, conclui.